terça-feira, 26 de abril de 2016

Jogos - um pouco de historia

O homem é um jogador por definição. Cunhou-se, inclusive, o termo “Homo ludens” (Johan Huizinga) para se demonstrar esta faceta humana. No livro do mesmo nome, um verdadeiro estudo filosófico sobre jogos e a vida, chega Huizinga inclusive a comparar os julgamentos e os tribunais (além da guerra...) a jogos...

E de fato. Indago: o que não é a guerra, senão um jogo de poder, entre países e dirigentes? Os soldados são os peões, o território o tabuleiro e o povo o premio... ; não é o trabalho em geral, senão um jogo, cujo resultado é sempre o ganho financeiro (as vezes bem parco...) no final do mês? Neste caso, se você jogar mal, é despedido, ou seja, eliminado do jogo...; não seria o casamento, um jogo, cujo premio é a felicidade de um casal e sua prole? Aposta-se que um dos companheiros está apto a fazer o outro feliz. Ganham os dois envolvidos no jogo. Ou perdem os dois...

Os jogos, portanto, freqüentemente são símbolos de luta, seja luta entre homens ou contra obstáculos a serem transpostos, segundo regras preestabelecidas.

Desde que o “homem-macaco” desceu das árvores e passou a viver em sociedade, luta ele para sobreviver, da melhor forma possível e com o menor esforço que lhe for permitido.

Para tentar minimizar suas agruras diárias na busca da sobrevivência, busca o “homo ludens” a ajuda dos deuses, que deverão se manifestar através de oráculos. Assim, tenho que os primeiros jogos (sejam de “tabuleiro” ou não) tinham por finalidade adivinhar os desejos dos deuses. Imagine um deus controlando o resultado de um lançamento de dados, e teremos a noção exata do que pensava o homem primitivo.

Os "deuses-oráculos", manifestavam-se através de "adivinhos" ou "xamãs". E estes últimos, em muitas religiões formalizadas, tinham por símbolo uma "grade quadriculada" que, obviamente nos remete aos atuais tabuleiros de jogos, com suas "casas".

Uma outra interpretação, feita pelo mesmo Nigel Pennick na obra citada, afirma que mesmo o desenho de algumas cidades medievais, surgidas em torno das "feiras", representariam tabuleiros, citando como exemplo a cidade de Cambridgeshire na Inglaterra (que se chamava, antigamente, Huntingdonshire), que teria sua planta quadriculada derivada da feira de St. Audrey, ainda realizada na semana do dia 17 de outubro, festa de Santa Etheldreda.

Existem provas de que alguns jogos de tabuleiro derivam de plantas de templos, claustros sagrados e cidades santas, como é o caso da capital real de Chou (China antiga) que teria o formado de um tabuleiro com 64 quadrados.

É um símbolo estático, contrapondo-se ao "circulo", símbolo do movimento por excelência. Parece-me bem lógico, portanto, que os TABULEIRO de jogos seja, habitualmente quadrados: eles não se mexem e é sobre eles que se desenvolve o jogo, geralmente através de peças CIRCULARES, estas sim, móveis.

A simbologia do quadrado é ampla, envolvendo os pontos cardeais, a limitação (ao contrário do círculo que simboliza o infinito).

A importância dos jogos é tanta, que um dos tesouros de Éirinn (a Irlanda primitiva) era um tabuleiro de um jogo chamado de "Brandubh". No País de Gales, o tabuleiro de "Tawlbwrdd" era símbolo dos juizados.

Quanto aos dados, há notícias de que estes eram usados já pelos assírios, com o nome de "Puru". Usava-se também os "Astrágalos", ossos de alguns animais que, além de servirem para jogos, serviam também para a distribuição de cotas de herança, divisão de rendas nos templos e para eleição de oficiais governamentais.

Aliás o uso dos dados nas adivinhações é explicado pelo seu próprio nome, que deriva do latim "dadus", uma forma do verbo "dar", significando "dado pelos deuses".

Dados cúbicos foram encontrados em sepulturas egípcias anteriores a 2.000 a.C, da mesma forma que dados octaedros. Dados de 12 ou 20 lados, tem sido usados para prever a sorte. Na França do século XVI, vendedores ambulantes de remédios caseiros, para atrair fregueses, utilizavam-se de adivinhação com dodecaedros.

Na Grécia antiga, jogava-se o óstrakon (citado na "República" de Platão), jogado por dois grupos, onde se atirava ao ar um caco e conforme a face que caia para cima, um grupo deveria perseguir outro.

Conhecidíssima a história dos soldados que lançaram dados para ver quem ficaria com as vestes do Cristo crucificado...

Em Madagascar, surge o jogo "Fanorona", ou "Fanorone", utilizado para adivinhações, pelos "mpsikidy" ou adivinhos. O jogo tem este nome pois, originalmente, era jogado com sementes da árvore Fano, uma espécie de acácia, existente naquela ilha.

As palavras "lote" e "loteamento" mantém o velho significado de um pedaço de terra cuja propriedade foi decidida por meio de sorteio.

Resquícios destes oráculos existem ainda hoje na consulta ao Tarô e no “jogo de búzios”. O Tarô utiliza cartas de um baralho especial para "ler a sorte", dando ao consulente conselhos sobre o seu futuro. No jogo de búzios, estes são lançados e "lidos" pelo adivinho. Mas sempre há a esperança da intervenção do destino, indicando quais os caminhos a serem seguidos.

Ainda hoje atribuímos muito de nossas vidas à sorte ou ao azar. Isto, parece-me um reflexo ainda desse homem primitivo jogador...

No dizer de MAURO SOARES TEIXEIRA e JARBAS SALES DE FIGUEIREDO, em sua obra "Recreação para Todos" (Ed. Obelisco - 1970):

"Todos nós nascemos com uma série de instintos nocivos à civilização atual. O papel do jogo é o de nos desembaraçar destas tendências anti-sociais".

Nesta mesma obra, os autores dividem os jogos, segundo as funções humanas que se desenvolvem com cada jogo:

- Jogos sensoriais: ação dos aparelhos do sentido (cheirar, provar, escutar, tocar, etc)

- Jogos psíquicos: exercícios das capacidades mais elevadas (jogar sério, conter o riso, brincar de estátua, etc)

- Jogos motores: é ação dos músculos e coordenação dos movimentos (engatinhar, saltar, jogo de bola, etc.)

- Jogos afetivos: desenvolvimento dos sentimentos estáticos ou experiências desagradáveis (desenho, escultura, música, etc)

- Jogos intelectuais: jogos de dominó, damas, rimas de palavras, charadas, adivinhações, xadrez, etc).

Jogos de tabuleiro

Parece-me que uma definição simplista seria a de que “jogos de tabuleiro” são todos aqueles disputados, por uma ou mais pessoas, em uma base, o tabuleiro, seja de madeira, metal, pedra, marfim, plástico, papelão ou outro material, onde peças são movimentadas, colocadas ou retiradas do tabuleiro, obedecendo a regras pré-estabelecidas.

Poderemos classificá-los, primeiramente como jogos intelectuais e, grosso modo, em três categorias: aqueles em que conta exclusivamente a sorte; aqueles em que o que conta é a perícia e a inteligência do jogador; e aqueles em que há um misto dos dois (e a meu ver, os mais interessantes).

São jogos de tabuleiro típicos: xadrez, damas, gamão, alquerque, tablar, senat, go, estes exemplos de jogos clássicos antigos; War, Detetive, No Limite, Banco Imobiliário (Monopólio) entre os jogos mais modernos. Entre estes incluo o jogo “Quinteto”, baseado em um filme do mesmo nome, do diretor Robert Altman, com Paul Newman, do ano de 1979.

Incluo entre os jogos de tabuleiro antigos, o jogo da Mancala. Este, apesar de ser jogado principalmente sobre um tabuleiro contendo doze “buracos” (ou “casas”), dada a sua simplicidade, pode ser jogado até mesmo em buracos feitos no chão, ou sobre um pedaço de papel com as “casas” desenhadas. Mas a sua estrutura é a de um jogo de tabuleiros, conforme a descrição por mim apontada.

Nos jogos de tabuleiro, sempre se busca a dominação, ou através da conquista de peças ou de territórios. No xadrez e no jogo de damas, conquista-se peças do adversário; no Go, conquista-se território; na Mancala, conquista-se pedras que pertencem, inicialmente aos dois jogadores (ou a nenhum deles, dependendo-se do ponto de vista...); no gamão e na tábula, busca-se a retirada das peças do tabuleiro, para tanto se percorre território e elimina-se (momentaneamente, é verdade...) as peças do adversário.

Em todos eles, porém, o que se busca e a aniquilação do adversário; é demonstrar que se é melhor que o oponente; que se é mais rápido, ou mais esperto, ou mais inteligente...

Esta é a finalidade essencial, primordial e final do jogo: descobrir-se quem é melhor.

Mas obviamente, essa descoberta é relativa pois, encerrada uma partida, outra terá início e aquele que perdeu pode vir a ser o vencedor...

domingo, 24 de abril de 2016

Tétris

Criado por Alexey Pajitnov que conheceu o quebra-cabeça Pentomino e decidiu criar uma versão virtual dele para seu computador. Removeu um dos blocos do jogo e nomeou com o sufixo quatro em grego Tetris.
Aqui, procure por Poliminó

tábuas da sabedoria

já tentou tangram?

Tangram

Diz uma lenda, que um monge (ou um imperador...) chinês, quebrou um espelho. Ao tentar remontá-lo, começou a perceber que as 7 peças (os tans) que ficaram poderiam ser remontadas de infinitas formas, criando inúmeras figuras.

Essa é a essência do Tangram: um quadrado, decomposto em sete figuras geométricas, cinco triângulos, um quadrado e um paralelogramo , com as quais é possível montar-se um número quase infinito de figuras. Em chinês, o Tangram é conhecido como Ch i ch iao tu, ou as "Sete Pecas Inteligentes".

O Tangram não possui uma "solução": são inúmeras as figuras que podem com ele ser formadas, no que, a meu ver, residiria seu grande atrativo.

Na verdade não se sabe qual a verdadeira origem do Tangram. Para alguns, o jogo seria milenar. Outros afirmam que teria pouco mais de 200 anos. Existe uma figura em madeira, mostrando duas senhoras chinesas resolvendo problemas de Tangram, datado de 1780. Existe mesmo uma enciclopédia do Tangram, escrita por uma mulher, na China, há mais de 100 anos, em seis volumes com 1700 problemas de Tangram.

O Tangram não exige de seu praticante qualquer esforço ou habilidade especial: exige tão somente tempo, paciência e especialmente imaginação...

A única regra do jogo é que as figuras formadas devem conter sempre as 7 peças do jogo. Sua maleabilidade atraiu diversos pensadores e escritores (pessoas obviamente de imaginação aguçada), entre eles Lewis Carol (autor de "Alice no país das maravilhas") e Edgar Alan Poe, sendo que este último chegou a adquirir um estojo chinês do jogo, em marfim esculpido.

Siege



O Jogo é  a reprodução do cerco a um reino, esse tema leva os participantes aos tempos dos Reinos em Guerra.

SIEGE é uma criação da GMK – Games Modern Knowledge, empresa brasileira especializada no desenvolvimento de jogos. Um jogo que desenvolve a concentração e a visão estratégica, retrata as antigas lutas entre reinos, onde sitiar o inimigo era uma das táticas mais comuns.

SIEGE (cerco ou sítio em inglês) era uma tática militar muito comum na Idade Média para evitar uma sangrenta batalha campal. O exército que pretendia conquistar determinado castelo ou fortificação se posicionava em volta dessa construção, evitando que os inimigos saíssem do local. Eram atividades que consumiam tempo e recursos. Para quem se defendia, era preciso, antes de tudo, prevenir-se, investindo na arquitetura militar ao construir as fortificações. Outra tática comum dos exércitos que lançavam o ataque era estimular traições ou rebeliões entre os sitiados, estratégias que ajudavam a vencer a batalha quase sem baixas.

Senet


É um dos jogos da família do gamão, assim como a Tábula, e teria sido encontrado um tabuleiro deste jogo na gruta de Abidos, no Egito, que foi datado de 5500 anos!
Outra lenda, cita que um riquíssimo tabuleiro foi encontrado no túmulo de Tutankâmon, tabuleiro esse de ébano e marfim, com as peças em ouro.

Os desenhos existentes no tabuleiro teriam utilidade para os mortos no seu caminho na outra vida. O Senat (ou Senet) era conhecido como "Jogo de passagem da alma para outro mundo". Tanto é verdade, que é citado no conhecidíssimo "Livro dos Mortos" egípcio. O jogo simbolizaria a luta da alma do jogador contra o mal ou com as forças inimigas, que vagam no Nada. As peças de cada jogador são chamadas de "dançarinos", enquanto os "dados", são chamados de "dedos". Aqueles encontrados no túmulo de Tutankâmon, tem a forma de dedos humanos, com unhas esculpidas!

No túmulo de um sacerdote egípcio, morto no século IV a.C, encontra-se uma cena deste sacerdote jogando Senat, com a inscrição: "o coração em delícia, num jogo com amigos após o almoço, aguardando o momento de refrescar-se no salão da cerveja" ("Os melhores jogos do mundo", pág. 99). Parece que, desde aquela época, jogo combina com bebida...